quarta-feira, março 25, 2015

Que eu desaprenda, amém.

“Quem não se recorda do aforismo de Bernard Shaw: ‘Não faça aos outros aquilo que gostaria que fizessem a ti. Eles poderiam não ter o mesmo gosto’”.
Umberto Eco; Carlo Maria Martini em: Em que creem os que não creem.

'A vida é um soco no estômago', Lispector e Still Life ou Uma vida comum;

Saiu da casa da cartomante aos tropeços e parou no beco escurecido pelo crepúsculo - crepúsculo que é hora de ninguém. Mas ela de olhos ofuscados como se o último final da tarde fosse mancha de sangue e ouro quase negro. Tanta riqueza de atmosfera a recebeu e o primeiro esgar da noite que, sim, sim, era funda e faustosa. Macabéa ficou um pouco aturdida sem saber se atravessaria a rua pois sua vida já estava mudada. E mudada por palavras - desde Moisés se sabe que a palavra é divina. Até para atravessar a rua ela já era outra pessoa. Uma pessoa grávida de futuro. Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentira tamanho desespero. Se ela não era mais ela mesma, isso significava uma perda que valia por um ganho. Assim como havia sentença de morte, a cartomante lhe decretara sentença de vida. Tudo de repente era muito e muito e tão amplo que ela sentiu vontade de chorar. Mas não chorou: seus olhos faiscavam como o sol que morria."

(Clarice Lispector - A Hora da Estrela)

quinta-feira, março 19, 2015

Es tiempo de vivir sin miedo, Eduardo Galeano.


“Há quem se deite 
em fogo 
para morrer.
Pois eu sou
Como o vagalume:
- só existo
quando me incendeio.”
vagas e lumes, Mia Couto.