Fazia decalques de nuvem em beira d'agua. Bordando o que passa no que dilui. Se a barra da roupa branca deita nos vestígios de areia é por trazer a solidez das solidões das ruínas em pé-de-vento. Quantos restos a mantêm de pé?
Conta a idade do universo em fios de cabelos enquanto enumera o que possui: um corredor de águas vivas. Três sonhos com cavalos marinhos. Doze réstias de sol formigando no mar. Um pedido-eco amarrado em fita vermelho-bonfim-urgente. Uma fé retorcida em figa. Uma alma ingiada de esperas.
O que ela não possui é esse sentimento pelicano no peito. Estende os braços para receber das ondas só o movimento dos ventos no subterrâneo das águas. Equiparar pulsar com pulsar. Na superfície dos olhos venta uma paz cor de desassossego. Tem areia do deserto assentada na íris desde quando. E um relógio de sol dilatado em suas pupilas, é quase certo que sua hora há de chegar. Por iluminâncias.
Cecília Braga
6 comentários:
o escrito inteiro é lindo.
"Equiparar pulsar com pulsar", isso é demais.
Só posso concordar, o texto é mesmo todo lindo.a Todo ele.
Muito bom passar por aqui.
Bjs
nooossa nossa!
Muito dos bons,,, daqueles que é gostoso ler em voz alta e me faz sentir-se um ator em monólogo, rs
Bjs e dramatizadas invenções!
cadê você?
lindona, vc largou o blog??????? faz isso com a gente não...
vc não tem ideia do qto esse seu cantinho faz milagres. sem falar q é preocidade pura. sabe, orvalho da alma.
continue, por favor.
bjs
Feliz Ano Novo!
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