sábado, agosto 04, 2007

~ Azo ~

Pediu a mão da moça.
Afoita, entregou-lhe na palma da mão aberta a vida exposta.
Ele então elipsou com afinco um ponto-final.
Posto assim com redondas certezas na enlinhada vida retratada em sua mão, era planeta fotografado em plena órbita.
Transubstanciada, sentiu a gravidade apegar-lhe aos pés,
transtornada giz, era matéria-prima dos seus descaminhos,
Estrela-cadente rasudourando a noite com seu despedido.
Virou partícula.
Tão deduzida de si, parecia querer habitar o mundo que ele lhe deitou nas mãos.
A visão dele lhe crescia as vistas,
Carecia de lhe acompanhar tamanho,
Agigantado tanto quanto lhe deformava as expectativas, que eram tão dela.
É que ele lhe caminhava.
De agora a partir, só por dentro.
Esforçou-se então, trouxe à boca o nome dele num suspiro.
De parto contrariado quis que ele lhe nascesse feito palavra,
Vislumbrando o mundo pela boca.
Fez, sem pressa, do braço alavanca e levou o mundo à boca,
Porque nunca lhe quis nas mãos, soprou.
Menino-rei em seu planeta azul caneta-bic,
bola de sabão nos braços do vento.
Desapercebida de si, era pozinho de moça.
Atingira os princípios da raça.
A Destra de Deus lhe recriava.

Sorriu.

Na sua alma de criança tudo era também recreação.

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Cecília Braga