sexta-feira, outubro 19, 2007

Aguapé-Assú


Ela minhocava a planta dos pés na areia como quem areja as sustentações das idéias...Um esbocejar de raízes. Tirar um deste-tanto de si, multimorfosear-se pelas ausências. Acrescenando-se de si, nos idos e findos, e em todos os vindos. Bem em prol de finiciar. a si? Vida que dorme no morrer da semente, aguarda o último suspiro, sopro de vida, pra respirar.



Desandou, coitada, com tantas inrespostabilidades. Pois, aquele des-sentir lá no longe, ela teimaniava de apelichamar de Saudade. Maiúsculas letricidades iniciáticas, batismo de cartório, só pra lavrar a propriedade do nome. Danou, então, a deitar distâncias na voz. Botou astúcia de arco nas cordas vocais. Mirou no querer-sem-fim. Diafragma é coxia. Ar montado nos horizontes. Largou. Voz pareia com o vento. E dispara. Pra nunca mais se alcançar.
E ela queria era trazer pra perto, no grito, o que não havia mais.


Deu, nos depois, pra contar as demoras bem miudinho.: - antes do segundo vem o quê?
Queria desatingir-se no anti-tempo. Descontava-se nas somas. Perdia-se. Das agonias do que não chega.
: - mas será o Maledito? Era nada.
Era Nãodito.
Das suspresas no caminho.
Suspirava descontentamentos. : -É vem.
O bafo-de-guardados lhe anunciava...Pois, tantos anteriormentes mofando na boca.
Se não bastasse, ainda tinha esse mormaço das idéias lhe esquentando o juízo, requentando os aperreamentos aflitivos das esperas.
: -É tempo de desterro, só pode.
E nem era.
: -Valei-me, Minha Nossa Senhora.


E não era que ele nunca tendo vindo, e nem ido... não sabia ela, agora, como ele facultava ficar-ir-vir, tudo ao mesmo tempo, sem se filiar ao tempo, mas dele sendo capaz de se engravidar até insandescer ou encaramujar-se?
No silêncio do que não se diz, habitam tantas vozes.
: -Agora foi que deu.
Ela tinha uma voz dentro da negativa da sua.
Resolveu então abrir a boca.
bem bem.
Estendeu a pontinha vermelha e saiu a desenrolar essa angústia vermelha do peito.
Queria lhe fazer desonras, deixar esse sujeito Nãodito passar dos de fora pros de dentro.
Em tapete vermelho.
: -Caminhe.
E ele foi trotando.
:-Deixe estar, nos de dentro é jejum prolongado...Daqueles de quando o corpo já não tendo do que se nutrir, auto-fagia.
: -Nãodito, tu palpitando assim, dos de fora até os de dentro, pega logo é cor e frequência cardíaca. Fa-ta-li-da-de-cer-ta. Nem é agouro. É planejamento estratégico.
Autofágicossassinado, coitado. Morreu Nãodito. Nem a-deus pronunciou. Mas, desgra..dou-se parcialmente. Explico. Confusequiparado foi. Por muito parecer com os músculos cardíacos. Aí, digestão de si acaba é nunca....dá logo nos nervos.
Ficou só um resto imortal de um sem-sentido.Desmembro fantasma.
Doi, por vezes. Um quase nada, agudo.
Dos tempos, ninguém sabe o quanto ela já se descontou.
Toda soma aqui, subtrai.
O tempo dela tava parado lá, antes do zero. E também cá.
Fomes acrescidas de dias negativos... (= ansiedade) ficam logo rechonchudas.
Espaçosamente redondas no peito.
Tudo tudo dando voltas...ela no mesmo lugar.


De súbita prece, ela olhou pra cima. Lá onde todo olho se dirige aflito caçando paz...pra só ter o trabalho de piscar e a paz despencar nos braços, to-da-derretida. Mas, veja só, Paz que nem é besta, só demorada nas quietudes, tá bem meninada nos braços de Deus, em rede tecida de nuvens-ao-sol. O canto da Paz morre nos braços da agonia e ganha tom solene em tempos de guerra. Quem a quer possuir, carece de si ter, primeiramente, até alcançar incompreensões do quanto deve segurar, com afinco, de si e o quanto deve deixar apassarinhar-se e voar, despreendido. E depois deve saber que nem o que segura e o que deixa ir é seu. E ser de si, sem se ter.
Desapegada. Seria capaz?


: -Vixe, vixe. Volta pessoa, volta.
Porque é tudo tão nos interiores invisíveis de dentro dos de dentro... só em atos se professa...o quê? uma credulidade cienfatídica? Uma incredulidade visível de si? Uma credulidade nos invisíveis que ela vê?. : -Cada um, cada coisa. Vai saber.


Coração começou foi a se desaninhar no peito, só pra reclamar da insegurança dessesditamor. Ela desacomodava-se com incomodaquicionices, criadas ou não.
Ela sentia mesmo era saudade desse tempo que desconhecia...de quando as pessoas desusavam band-aid como motivos para inesquecer. Curativelopes, lembresquecedores. Tudo instruído lá no machucado, acobertadamente. O que deve, e até onde. E o que não.


Corpo-tablóide. Burocrontros...Fábricas de jornais. Um passando pelo outro, atrito. Não fosse a desumanidade umedecendo o ar, fogo.
Artíficio.
Estouro de encher páginas.
Vazio pós-Reveillon, no desamanhecer do novo.
:- E eu, que não tenho pudor de intimidades, desfaço o quê dessa alma exposta na superfície de mim, feito vitória-régia?


Leitura de curativos e jornais,
você lê?
: - Issaí, não.
Bem pudera...




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Cecília Braga