domingo, maio 22, 2016

André Gide


'Nossos livros não terão sido relatos muito verídicos de nós mesmos - mas antes nossos desejos lamentosos, o anseio de outras vidas inteiramente proibidas, de todos os gestos impossíveis. Descrevo aqui um sonho que ocupou por demais meu pensamento e reclamou sua existência. Um desejo de felicidade que esta primavera me deixou; desejei que brotasse de mim uma eclosão mais perfeita. Sonhei ser feliz, como se não tivesse nada mais para ser; como se o passado não triunfasse sempre sobre nós; como se a vida não fosse feita do hábito de sua tristeza, e o amanhã a sequência do ontem - como se a minha alma já não estivesse hoje de volta aos seus estudos costumeiros, tão logo liberta de seu sonho'.

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