sexta-feira, julho 24, 2015

Jean-Luc Godard, Aimé Pache e o ato de resistência. Liberté et Patrie: "A imagem era mistério e perigo".

Curta sobre Aimé Pache, pintor de Vaud, Suíça.
 
'Como velho revolucionário, o pai não acreditava no poder das imagens, mas sim no poder das palavras.
- Pai, quero escrever para minha namorada.
- Vá em frente
- Quero dizer...mas não sei como colocar... que perdemos o trem, mas que ainda temos tempo...
- Escreva: "Não sei como colocar, mas quero dizer... quer perdemos o trem...".
- Mas foi isso que eu disse.
- Exatamente.
- É assim que se escreve?
- Sim, é assim que se escreve.
(...)
- Pai, qual é o melhor modo de saber se alguém é digno de confiança?
- Pergunte: "O que você leu?". Se responder: "Homero, Shakespeare, Balzac", então não é digno de confiança. Mas se responder: "Depende do que quer dizer com ler", então há esperança.
(...)
Descobre um velho caderno escolar com uma frase misteriosa de um ensaio francês. "Nem o sol  nem a morte encaram a própria face". Agora que seus pais estão mortos, finalmente compreende.
 - Compreende como?
- O caderno está cheio de rabiscos, mas pode ler isso: "Um substantivo é apropriado quando tem um único sentido". E abaixo: "O que é apropriado ao sol?". E mais abaixo: "O sol é um exemplo de um ser sensível por excelência, porque sempre pode desaparaecer. O mais inato na natureza é poder tirar tudo de si mesma, tudo o que necessita". E depois: "Traga a natureza para a pintura".
 




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