sexta-feira, janeiro 12, 2007

Blue(s)


Tudo devastado por dentro, fora não se avista beleza. Furacão quando passa trata de tirar primeiro os nossos pés do chão. Tira logo é a realidade. Fica onde segurar não. Fica é nada. Trabalho de uma vida todo pelo chão. Ruínas que tiram até o direito ao vazio. Tudo remexido: pensamento, emoção, raciocínio, alma e vísceras. Quem ousa se fazer abrigo sabe dos riscos. E que existe gente que quando sai, bate a porta com tamanha força que compromete as estruturas. Natureza é coisa imprevisível. Natureza de gente também. Em fúria, devastam. Respondem ao desequilíbrio. Coisa do bicho homem mesmo.


Mas tem gente rara que nem dia de alegria sincera. De amizade verdadeira. E amor para toda vida. Ah, tornam tudo aquilo tão menor...Coração chega a gargalhar dentro do peito. Feliz que só! Tenho muitas pessoas não, nem quero. Gosto de me perder na multidão não. Quero o aconchego de quem abre a porta, casa simples, sorriso sincero sempre e apesar de. Gosto da partilha sem pressa e sem máscara. De gente cheia de sonhos e com mãos ávidas por transformar. De beleza que vem transbordando de dentro e quando se olha nos olhos, encanta. Aquele brilho, sabe. Mesmo quando tudo doi. Gosto de passar a vida inteira conhecendo as mesmas pessoas, me reconhecendo e me apaixonando por elas.

Tenho amigos lindos que nem pôr-de-sol em beira-mar. Beleza que cala. Olho pra eles assim: meu ser em reverência. Vontade de achar palavra que caiba tanto sentimento. Encontro não. E amo. Desse jeito meu assim intenso que só de pensar, lágrimas escorrem. Qual menina apaixonada que se derrete pelos cantos. Sorriso bobo na face. Quem vê logo pergunta: - Bobou?

- Ahã! Bobei! É gente gostosa demais. Abraço pra toda vida. Daquele que aperta, aperta, aperta e não quer soltar. Assusta não. Eu solto.

E tem um encanto de moço...que me dá alegria pra uma vida inteira. Serelepe que só. Desenha paisagens tão lindas, daquelas que transcedem. Caminha comigo vez ou outra. Caminhada gostosa que só. Daquelas que o sorriso vai marcando o ritmo dos passos. Passinho curto. Quer chegar é nunca. Conversa de sustância. Alimenta alma. Dá vida. Gentileza é tanta. Mas meu carinho é maior. Ternura que dilata a alma. É que te encontrei, nem lembro como. Ás vezes a gente cava -cava -cava para se esconder e encontra tesouro. Flor que só desperta uma vez no ano. Cometa que rasga o céu numa noite escura, e antes de tocar o chão realiza o desejo. Aquela rapidez que embriaga a alma feito o bater de asas do beija-flor. Entende?

Nas tuas mãos tudo fica tão bonito. Poesia, canção, arte e magia. Esse moço coloca a alma nas coisas. Tamanha beleza. Humaniza tudo. Tem o olhinho apertado. Coisa de quem esforça a vista para enxergar mais longe. Tem firmeza e determinação nos passos, e uma mochila carregada de sonhos. Quase sempre fica assim: bochechas cor-de-rosa. Só uma coisa faz ele dançar. Mas não conto. Tem música na voz e poesia nas palavras. De uma fofura que nem sei. Só sinto. É que tenho a alma repleta de vida desde que esse moço soprou em meus ouvidos uma nova canção. E penso nele com tanto carinho, que derreto. Tudo isso pra te dizer, moço, que você me deixa ser assim desse meu jeito de ser, e é companhia sem igual. Paz e plenitude que se encontra quando se sobe a montanha. Mágica.

Queria saber dizer. Mas só sei sentir. E isso me conforta. Porque ainda ontem tu me disse: quando se explica se esvazia o sentimento. E sei que tudo tudo cabe aqui: - Ah, moço. você você você.


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Cecília Braga

Um comentário:

Anônimo disse...

Homenagem mais bonita que essa, bem capaz...jamais vi! Jamais recebi. Cecília, que honra! Sem palavras, meu silêncio é maior do qualquer coisa que eu tente dizer para lhe agradecer tamanha gentileza.

Gosto mt de vc, moça. Respeito e carinho gigantes que cabem aqui não. :)

Escreva sempre, Cecília. Tens voz própria, e isto é muito raro!

Com admiração, beijos
Tomas