segunda-feira, janeiro 22, 2007

Sem Mandamentos - Oswaldo Montenegro


Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos

De rostos serenos, de palavras soltas

Eu quero a rua toda parecendo louca

Com gente gritando e se abraçando ao sol

Hoje eu quero ver a bola da criança livre

Quero ver os sonhos todos nas janelas

Quero ver vocês andando por aí

Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse

Eu até desculpo o que você falou

Eu quero ver meu coração no seu sorriso

E no olho da tarde a primeira luz

Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto

Eu quero um carnaval no engarrafamento

E que dez mil estrelas vão riscando o céu

Buscando a sua casa no amanhecer

Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada

Rasgar a noite escura como um lampião

Eu vou fazer seresta na sua calçada

Eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua

Pra escrever a música sem pretensão

Eu quero que as buzinas toquem flauta-doce

E que triunfe a força da imaginação


Sem Mandamentos ... escuta.



Todo mundo carece. Isso é fato. Assim como se esconder atrás dos hábitos. E da falsa segurança que eles nos trazem. Tanta defesa pro que vem de fora, quando o confronto acontece é dentro. Mas gostamos é de eneblinar tudo. E transformar cortinas de fumaça em cortinas de ferro. Tornar frio e sólido. Palpável sim. Maleável, só ao fogo. Jamais ao toque. E como é costume, conserva-se. Viver assim sem querer apreender os atos, e sem querer viver o improviso, apesar do roteiro, é aceitar os maus hábitos emocionais que aprendemos e executamos, inconsciente e automaticamente. Defesas e Limites. Passamos a vida toda nos escondendo dos nossos verdadeiros sentimentos, camuflando nossa raiva numa depressão, no sentimento de culpa. Encenando a vítima. Tendo compaixão pelos culpados. E sem ter compaixão nenhuma por nossos próprios erros. Nos condenando e torturando dia a dia, represando dor e angústia, medo e anseio. Coragem é preciso ter sempre para se olhar no espelho e ver o que andamos refletindo. Pra caminhar por entre a paisagem eneblinada que pintamos e saber o que realmente há ali. E o que eu mesmo quis esconder de mim. Muitas e muitas vezes estamos ali, na Tabacaria de Fernando Pessoa e quando tentamos retirar à máscara, ela parece estar colada ao rosto. Ah, é preciso ser honesto consigo mesmo. E ter tendências a...não implica sê-lo. Tanta coisa influi no que somos. Mas nada determina. Erramos tanto no caminho. Aceitar é preciso. Saber-se em construção, em crescimento. E nunca pronto. Nunca somos tão terríveis quanto imaginamos e tão bons como pensamos ser. Bom é quando há alguém que te faz perceber o teu valor e importãncia, e o que há de melhor em você. Que acredita, vibra. Porque muitas vezes já desistimos de nós e há tantos que já desistiram da vida. Muitos são os que com o dedo em riste sabem apontar todas as nossas falhas. Mas incapazes de nos dar a mão. Tantas vozes em uníssono já profetizaram o terrivel final nosso de cada dia. Acredita não. Existe alguém sempre perto que sabe caminhar lado a lado com você, mesmo que distante. Percorre teus dias com satisfação, eles te trouxeram até aqui. E só esse agora é que conta. Tudo pode ser diferente. Esse é o milagre que você pode e deve operar. Transformar sua vida. É que há dias tenho pensado no filme Perfume de Mulher, remexeu aqui dentro em tudo. Alguém precisa muitas vezes nos ver. E estar disposto a perder a vida por nós. Para que possamos enxergar quem somos. E que tudo tudo não passa mesmo de uma única vontade que temos, camuflada, represada, disfarçada e adulterada: "Vontade de amar simplesmente", como bem soube dizer Quintana.

Fica sempre a alegria da dança do universo, da dança da vida, apesar do "medo de dançar errado"...

"Se erra ou se atrapalha, continua dançando".


Sigo assim, saboreando plenamente cada momento, "um dia de cada vez", porque "vive-se uma vida em um momento". Eu ouso dizer só de momentos. E sei que você também não quer desperdiçá-los.


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Cecília Braga


Moon-day...Segunda-feira linda de sol. Escolhas esperando por nós. Coragem e Integridade é tudo que precisamos. Bora!

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Cecília... Cheguei aqui, por causa do comentário que, você deixou no blog
da Marla. Pelo que percebo, você gosta do Oswaldo mesmo, né? Tenho dele, todos os vinis. Também gosto muito. MontanhosoAbraçoDasMinas.

Anônimo disse...

Adoro o ritmo na fala dos nordestinos em geral e dos baianos em particular. Nos posts que li aqui, aleatoriamente, encontrei esse ritmo nos seus textos. Carece dizer que gostei? Carece não.
Obrigado por sua visita ao garatujas e pela gentileza do comentário.